segunda-feira, 26 de março de 2012

26 de março

Há aquelas pessoas que não são nossas melhores amigas, não conhecemos muito bem, mas que deixam marcas. E você se pega pensando nelas vez ou outra. Você lembra até de conversas, poucas, é verdade, que teve, e até de algumas coisas que a pessoa gosta. Você nem conhecia ela muito bem, vocês mal se viam.

Apenas por um desses acasos da vida chegaram a se conhecer. Houve aquela impressão inicial, uma pessoa agradável, simpática. No dia seguinte já não era um estranho e você até chegou a sentir "raiva" por algumas coisas inconvenientes que a pessoa fez nesse dia. E voltando agora, tudo tão insignificante.

Não somos amigos, somos conhecidos que se encontravam em algumas dessas casualidades da vida. E conversavam, e se cumprimentavam sempre que se viam. E que se ajudavam. E que riam juntos.

Às vezes me vem algumas coisas que aconteceram, que foram ditas e que, por algum motivo, eu não esqueço, guardo informações aleatórias que não têm a mínima importância. Aquelas conversas na hora do lanche, ou no intervalo de alguma gravação, ou ainda durante a preparação pra filmagem, com toda aquela maquiagem e ensaiando o texto.

Como o fato de você estudar também biologia, e estar tentando terminar finalmente o seu TCC. Como o tamanho dos fones que você estava usando. Como ter dito que era fã de Goo Goo Dolls. E que seu irmão tinha um nome bem parecido com o seu, o que fez a gente rir, pensando o que havia passado pela cabeça da sua mãe, pra fazer algo desse tipo. E a garrafa de suco gigante com o pacote de biscoito que estava levando na mochila. Como usar um casaco durante o dia inteiro em um set escaldante "menino, deixa de loucura, tira esse casaco!". E das fotos que você tirou, estão todas guardadas, estava olhando mais cedo. São realmente boas. E lembrar da minha pequena irritação quando você pediu a câmera emprestado e mexeu em todas as configurações. Quanta bobagem sem sentido.

É uma pena que essas sejam as minhas poucas recordações de você. Não éramos amigos, mas você é o tipo de pessoa que deixa marcas. Não conversávamos muito. Lembro mais do seu jeito, da maneira como olhava para as pessoas, como as cumprimentava. Nunca o vi com raiva, não o via muito em geral, mas não parecia ser do tipo que agia feito um raivoso lunático. Não parecia haver espaço para nem sequer pensar em ser mal educado.

Nem éramos amigos, mas ainda não digeri bem a ideia de que você não existe mais por essas bandas. Fico triste pelos amigos que deixou, por sua família, pelo futuro que estava construindo. Espero que esteja bem. A gente se vê.

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